O cantinho da Cinderela

O cantinho encantado da bloggosfera.

sábado, maio 21, 2005

Silêncio

No outro dia de manhã, quando acordei, pensei para mim: "É hoje. Não vou adiar mais. Já chega de tanta angústia, de tanta dúvida!". Estava decidida a enfrentar toda esta situação em que nos encontramos. Durante o dia, nada mais me ocupou os pensamentos. Apenas de que forma é que te iria dizer o que me vai na alma, o que o meu coração implora que eu diga. A meio da tarde desejei ter-te a meu lado para te poder dizer o que me atormenta. Mas tu não estavas e, provavelmente, nunca irias estar. Algum tempo depois estive contigo. Era agora ou nunca. Enchi-me de coragem e preparei-me para falar contigo. Olhaste-me nos olhos, puseste o teu melhor sorriso e, de um momento para o outro, deixaste-me sem forças. Toda a coragem que tinha reunido se desvaneceu por completo. Senti as pernas a tremer, o coração a bater mais forte, um nó na garganta e não fui capaz de mencionar fosse o que fosse sobre o assunto. Fraquejei, ou melhor, fracassei mais uma vez. E a cada fracasso sinto as oportunidades a escaparem-me por entre os dedos e a ficarem cada vez mais reduzidas. Sinto o tempo a fugir-me e esta angústia a apertar cada vez mais e mais. E a cada dia que passa, torna-se cada vez mais difícil dizer-te o que sinto. Durante o resto do tempo que estive contigo, falámos de muita coisa, mas nunca de sentimentos. Não falei.
Confusa com o que sinto? Talvez.
Medo da tua reacção? Não.
Medo das consequências? Sim.
E isto sim, é o que me faz manter todo este silêncio e me impede de te dizer:
AMO-TE

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domingo, maio 08, 2005

A Viagem

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Sinto-me cansada. Sem forças nos braços e pernas e com um peso enorme nos olhos. A meu lado, meio deitado, dormes um sono merecido. Afinal de contas, já fizeste metade do caminho e a outra metade cabe-me a mim.
A estrada parece interminável... A noite também. No meio da escuridão não se vê nada, apenas as luzes dos faróis do carro.
Os meus olhos teimam, cada vez mais, em fechar. Paro o carro. Saio e molho a cara com o resto de água que tenho numa garrafa. Nada. Não resultou. O sono é cada vez maior.
Meto-me no carro e continuamos a viagem. Tu dormes, tranquilo como um anjo.
De repente, algo me faz perder todo o sono. As luzes do carro apagam-se, como que por magia. Rodo o manípulo, mas... nada. Paro o carro. Não posso conduzir nestas condições. Não numa noite tão negra. Não vou arriscar a tua vida. Principalmente a tua vida.
Olho em volta, mas não vejo nada. Nem uma luz, nem um vulto, nada. Volto a ligar o carro e a rodar o manípulo. Nada. Nem os mínimos. Tento acordar-te, mas estás num sono tão profundo que nem me ouves.
Então lembro-me. O telemóvel. Vou ligar para alguém nos vir buscar. Oh não! Não é possível! Sem rede! E agora? Vou esperar pelo nascer do dia. Mal por mal, mais vale sujeitar-me aos perigos da noite do que arriscar um acidente com possíves consequências trágicas.
Completamente desesperada, tento, uma última vez, ligar as luzes.
Não acredito! Ligaram! Arranco, mas não sem antes olhar para ti. Alheio a tudo, continuas o teu sonho. E pelo sorriso que esboças, só pode ser bom.
Momentos depois respiro de alívio. O Sol está prestes a nascer e a viagem a chegar ao fim.
A luz intensa acorda-te. Ao sentir-te despertar, olho para ti com o meu melhor sorriso e dou-te os bons dias. Erro grave. Ao olhar novamente para a estrada, vejo o que não quero ver... A curva... A falésia... E a impossibilidade de fugir. Gelei. Vamos morrer.
O medo da morte assusta-me. Acordo. Tudo não passou de um sonho. Ao meu lado, muito sereno, conduzes o carro por uma estrada já com pouca luz. O Sol está a por-se. Faltam poucos quilómetros para trocarmos de lugar e dar, eu, continuidade à viagem.

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