Especial...

Não percebia o que tinha visto nele. Não era, de longe, o seu tipo de homem. Tudo bem… até era alto… aí com 1,80m, 1,85m… mas mais nada fazia o seu género…
Era magro… mas, se ela sempre gostou de homens de porte atlético…
Moreno… tudo bem… mas faltava-lhe ali um toque exótico…
Não gostava do estilo dele. Achava-o presunçoso, arrogante… e comentava com as amigas a mania de sedutor nato dele, que a irritava…
E mesmo assim continuava sem perceber…
“-Mas que tem ele de tão especial?” – pensava para si, muitas vezes. Na sua opinião, demasiadas vezes…
E dava voltas à cabeça, tentando pensar numa razão para se sentir assim…
E então, lembrou-se… por ele não ser como ela pensava ser… por ele a adorar como se adora uma deusa… por ele a tratar como uma rainha… por ele não ter vergonha de lhe dizer “Amo-te”, fosse onde fosse… e por ele lhe proporcionar momentos como o que estava a ter…
Era sexta-feira e ele tinha-a ido buscar ao emprego.
“Para onde vamos?” – perguntou-lhe ela.
“Surpresa.” – foi a única palavra que ele lhe disse durante o caminho todo.
Ela já lhe conhecia aquele sorriso e, por isso, não perguntou mais nada. Deixou-se levar.
Agora, estavam os dois, sozinhos, numa cabana, no meio da neve…
Lá fora, o frio cortava como uma lâmina afiada… à sua frente, a lenha da lareira crepitava com as chamas… ela aninhou-se nos seus braços… e sorriu… era isso que o tornava tão especial…